Governador
agradeceu apoio de todas as forças envolvidas na operação.
Secretário
disse que 'será eternamente grato' ao trabalho feito em conjunto.
Favela da Rocinha (Foto: Divulgação/Governo do Rio) |
O governador Sérgio Cabral disse na manhã deste
domingo (13) que a Operação Choque de Paz só foi possível "graças à união
das forças públicas que trabalharam para o bem comum". O dia, segundo ele,
é histórico. Por volta das 6h, as três comunidades da Zona Sul - Vidigal,
Rocinha e Chácara do Céu - foram dominadas pela polícia.
O balanço total de presos e apreensões ainda não
foi divulgado. A Secretaria de Segurança Pública informou, pelo Twitter, que
desde o início da operação (em 1º de novembro), oito suspeitos foram mortos e
34 presos, entre eles o traficante Nem, apontado como chefe do tráfico na
Rocinha, um policial militar e três civis. Sete menores foram detidos.
Ao todo,
3.086 sacolés de cocaína, 1.519 pedras de crack, 355 papelotes de cocaína e 537
trouxinhas de maconha foram apreendidos.
Desde o início da operação, a polícia também
recolheu 33 armas e nove granadas. Só neste domingo, foram encontradas 13
armas, sendo 12 fuzis e uma submetralhadora, carregadores e munição.
Cabral agradeceu o empenho de todas as equipes
envolvidas, como as polícias Federal, Civil e Militar, além das Forças Armadas.
“Eu já liguei para a presidente Dilma. Quero agradecer as forças do meu
governo, à Polícia Militar, aos nossos heróis, agradecer à equipe do prefeito
Eduardo Paes, os três níveis para resgatar unidades que foram abandonadas pelo
poder público e dominadas pelo poder paralelo durante décadas”.
Cabral disse ainda que o trabalho de ocupação foi
planejado há vários meses. "Nada acontece por acaso. Isso foi planejado há
muito tempo pela Secretaria de Segurança, há cerca de quatro, cinco meses,
quando pedimos a presidente Dilma que o Exército ficasse no Alemão e Penha até
31 de junho de 2012, porque com isso conseguiríamos entrar na Rocinha",
afirmou Cabral.
"Estamos a menos de cinco horas da retomada de
território, mas tenho certeza de que alcançaremos a paz plena, não só na
Rocinha, como em todo o Rio de Janeiro. Na Rocinha, ao contrário do Alemão,
ficarão as forças de segurança do estado, o Bope, o Choque, para a implantação
da UPP", completou o governador.
Beltrame
Já o secretário de Segurança Pública, José Mariano
Beltrame, falou que o trabalho para a ocupação das comunidades começou no
início do mês. Segundo ele, o trabalho é minucioso, não tem data para terminar,
e as forças policiais permanecerão nas comunidades.
Beltrame reafirmou que o objetivo da ação era
evitar confrontos. "O nosso objetivo era devolver aquele território à
população e isso foi feito. Se chegou nesse local há muito pouco tempo, mas o
mais importante é que foi sem disparar um tiro, sem derramar uma gota de sangue
de seja lá quem for", afirmou.
Ainda de acordo com Beltrame, o ritmo de trabalho
da polícia é forte. "Não é na velocidade que muitos desejam, mas são
passos sólidos. O problema é muito grande, e é grande porque é histórico",
afirmou. "Nossos trunfos são a ação combinada e a quebra de paradigma para
efetivamente entregar áreas que há 30 anos, 40 anos estavam nas mãos de um
império paralelo".
TV foi jogada em rua do Vidigal (Foto: G1) |
Território
dominado
Para a chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro,
delegada Martha Rocha, a Operação Choque de Paz devolve o território aos
moradores das três comunidades. A delegada pede que moradores continuem
ajudando a polícia, fazendo denúncias sobre possíveis criminosos que ainda
estejam nas comunidades.
De acordo com a assessoria da PM, mais cedo um
homem de 29 anos foi preso por agentes da Divisão de Homicídios da Baixada
Fluminense tentando sair da Rocinha. O homem foi condenado por assalto a mão
armada e estava foragido havia sete anos.
Retomada do
território
"Iniciamos a operação às 4h de um domingo de
feriado para causar o menor transtorno possível à população. Às 6h, já demos
como cumprida a missão de retomada da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, sem
disparar nenhum tiro", afirmou o coronel Pinheiro Neto, Chefe de Estado
Maior Operacional da Polícia Militar.
Segundo o coronel, o deslocamento dos blindados
começou na noite de sábado (12). "Por volta das 22h30, tivemos uma reunião
com o BPChoque com a análise da situação. Às 24h, tivemos outro briefing com a
presença do comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro, e o secretário de
Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Mas antes, às 16h, foram iniciados os
trabalhos no centro de operação e controle", contou.
"Às 4h deste domingo, uma coluna com 18
blindados e cerca de 700 homens avançou pelas vias das comunidades para começar
a inserção dos homens. Às 4h30 ocorreu a chegada às comunidades, incluindo o
uso de helicópteros com câmera de observação térmica. E às 6h, nossos homens
informaram que todas as comunidades ocupadas já estavam sob controle".
O coronel Pinheiro Neto pede que a população ajude
a polícia, dando informações sobre criminosos, armas e drogas escondidos nas
favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. "Denunciem e ajudem. A população
pode ligar para o Disque-Denúncia (2253-1177) ou para o 190 para nos ajudar a
localizar criminosos, armas e drogas. Permaneceremos nas comunidades por tempo
indeterminado", afirmou.
No total, cerca de 3 mil homens participaram da
operação, que contou com apoio de 6 blindados da PM ("Caveirão"), 18
blindados da Marinha, 4 helicópteros da PM e outros 3 da Polícia Civil.
Vidigal
Barricadas, colchões queimados, além de lixo, uma
televisão e óleo jogado na pista foram alguns dos obstáculos usados por criminosos
para tentar impedir a retomada do território na Favela do Vidigal, por causa do
óleo na pista, um carro não conseguiu fazer a curva na subida da comunidade.
Foi preciso que policiais ajudassem a tirar o veículo do local. Os obstáculos,
no entanto, não impediram a chegada do Batalhão do Choque ao alto do morro.
Atendimentos
O subcomandante do 1º Grupamento de Socorro e
Emergência, major Edson Gonçalves,cruzou a Rocinha, desde São Conrado até a
Gávea, para ver se a comunidade precisava de socorro médico. Segundo ele, até
as 7h30, o Corpo de Bombeiros havia atendido 12 pessoas, todas com casos de
doenças prévias, como pressão alta e diabetes. Ele acredita que alguns casos
estão relacionados ao nervosismo dos moradores com a operação.
Rocinha
Localizada entre os bairros da Gávea e de São
Conrado, a Rocinha tem, atualmente, 69,3 mil moradores, segundo dados do Censo
2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ocupam uma
área de 864.052 m².
A comunidade tem 3 escolas e 3 creches municipais,
1 Ciep, 11 unidades de saúde, um centro de assistência social e duas praças. De
acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Rocinha é
a região administrativa da cidade que tem a população com menor nível de
escolaridade entre todas do município do Rio de Janeiro.
Fonte: G1
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