domingo, 13 de novembro de 2011

UNIÃO DE FORÇAS GARANTIU SUCESSO NA ROCINHA, DIZEM CABRAL E BELTRAME


Governador agradeceu apoio de todas as forças envolvidas na operação.
Secretário disse que 'será eternamente grato' ao trabalho feito em conjunto.

Favela da Rocinha (Foto: Divulgação/Governo do Rio)
O governador Sérgio Cabral disse na manhã deste domingo (13) que a Operação Choque de Paz só foi possível "graças à união das forças públicas que trabalharam para o bem comum". O dia, segundo ele, é histórico. Por volta das 6h, as três comunidades da Zona Sul - Vidigal, Rocinha e Chácara do Céu - foram dominadas pela polícia.

O balanço total de presos e apreensões ainda não foi divulgado. A Secretaria de Segurança Pública informou, pelo Twitter, que desde o início da operação (em 1º de novembro), oito suspeitos foram mortos e 34 presos, entre eles o traficante Nem, apontado como chefe do tráfico na Rocinha, um policial militar e três civis. Sete menores foram detidos. 

Ao todo, 3.086 sacolés de cocaína, 1.519 pedras de crack, 355 papelotes de cocaína e 537
trouxinhas de maconha foram apreendidos.

Desde o início da operação, a polícia também recolheu 33 armas e nove granadas. Só neste domingo, foram encontradas 13 armas, sendo 12 fuzis e uma submetralhadora, carregadores e munição.

Cabral agradeceu o empenho de todas as equipes envolvidas, como as polícias Federal, Civil e Militar, além das Forças Armadas. “Eu já liguei para a presidente Dilma. Quero agradecer as forças do meu governo, à Polícia Militar, aos nossos heróis, agradecer à equipe do prefeito Eduardo Paes, os três níveis para resgatar unidades que foram abandonadas pelo poder público e dominadas pelo poder paralelo durante décadas”.

Cabral disse ainda que o trabalho de ocupação foi planejado há vários meses. "Nada acontece por acaso. Isso foi planejado há muito tempo pela Secretaria de Segurança, há cerca de quatro, cinco meses, quando pedimos a presidente Dilma que o Exército ficasse no Alemão e Penha até 31 de junho de 2012, porque com isso conseguiríamos entrar na Rocinha", afirmou Cabral.

"Estamos a menos de cinco horas da retomada de território, mas tenho certeza de que alcançaremos a paz plena, não só na Rocinha, como em todo o Rio de Janeiro. Na Rocinha, ao contrário do Alemão, ficarão as forças de segurança do estado, o Bope, o Choque, para a implantação da UPP", completou o governador.

Beltrame
Já o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, falou que o trabalho para a ocupação das comunidades começou no início do mês. Segundo ele, o trabalho é minucioso, não tem data para terminar, e as forças policiais permanecerão nas comunidades.

Beltrame reafirmou que o objetivo da ação era evitar confrontos. "O nosso objetivo era devolver aquele território à população e isso foi feito. Se chegou nesse local há muito pouco tempo, mas o mais importante é que foi sem disparar um tiro, sem derramar uma gota de sangue de seja lá quem for", afirmou.

Ainda de acordo com Beltrame, o ritmo de trabalho da polícia é forte. "Não é na velocidade que muitos desejam, mas são passos sólidos. O problema é muito grande, e é grande porque é histórico", afirmou. "Nossos trunfos são a ação combinada e a quebra de paradigma para efetivamente entregar áreas que há 30 anos, 40 anos estavam nas mãos de um império paralelo".

TV foi jogada em rua do Vidigal (Foto: G1)
Território dominado
Para a chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegada Martha Rocha, a Operação Choque de Paz devolve o território aos moradores das três comunidades. A delegada pede que moradores continuem ajudando a polícia, fazendo denúncias sobre possíveis criminosos que ainda estejam nas comunidades.

De acordo com a assessoria da PM, mais cedo um homem de 29 anos foi preso por agentes da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense tentando sair da Rocinha. O homem foi condenado por assalto a mão armada e estava foragido havia sete anos.

Retomada do território
"Iniciamos a operação às 4h de um domingo de feriado para causar o menor transtorno possível à população. Às 6h, já demos como cumprida a missão de retomada da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, sem disparar nenhum tiro", afirmou o coronel Pinheiro Neto, Chefe de Estado Maior Operacional da Polícia Militar.

Segundo o coronel, o deslocamento dos blindados começou na noite de sábado (12). "Por volta das 22h30, tivemos uma reunião com o BPChoque com a análise da situação. Às 24h, tivemos outro briefing com a presença do comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro, e o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Mas antes, às 16h, foram iniciados os trabalhos no centro de operação e controle", contou.

"Às 4h deste domingo, uma coluna com 18 blindados e cerca de 700 homens avançou pelas vias das comunidades para começar a inserção dos homens. Às 4h30 ocorreu a chegada às comunidades, incluindo o uso de helicópteros com câmera de observação térmica. E às 6h, nossos homens informaram que todas as comunidades ocupadas já estavam sob controle".

O coronel Pinheiro Neto pede que a população ajude a polícia, dando informações sobre criminosos, armas e drogas escondidos nas favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. "Denunciem e ajudem. A população pode ligar para o Disque-Denúncia (2253-1177) ou para o 190 para nos ajudar a localizar criminosos, armas e drogas. Permaneceremos nas comunidades por tempo indeterminado", afirmou.

No total, cerca de 3 mil homens participaram da operação, que contou com apoio de 6 blindados da PM ("Caveirão"), 18 blindados da Marinha, 4 helicópteros da PM e outros 3 da Polícia Civil.

Vidigal
Barricadas, colchões queimados, além de lixo, uma televisão e óleo jogado na pista foram alguns dos obstáculos usados por criminosos para tentar impedir a retomada do território na Favela do Vidigal, por causa do óleo na pista, um carro não conseguiu fazer a curva na subida da comunidade. Foi preciso que policiais ajudassem a tirar o veículo do local. Os obstáculos, no entanto, não impediram a chegada do Batalhão do Choque ao alto do morro.

Atendimentos
O subcomandante do 1º Grupamento de Socorro e Emergência, major Edson Gonçalves,cruzou a Rocinha, desde São Conrado até a Gávea, para ver se a comunidade precisava de socorro médico. Segundo ele, até as 7h30, o Corpo de Bombeiros havia atendido 12 pessoas, todas com casos de doenças prévias, como pressão alta e diabetes. Ele acredita que alguns casos estão relacionados ao nervosismo dos moradores com a operação.

Rocinha
Localizada entre os bairros da Gávea e de São Conrado, a Rocinha tem, atualmente, 69,3 mil moradores, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ocupam uma área de 864.052 m².

A comunidade tem 3 escolas e 3 creches municipais, 1 Ciep, 11 unidades de saúde, um centro de assistência social e duas praças. De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Rocinha é a região administrativa da cidade que tem a população com menor nível de escolaridade entre todas do município do Rio de Janeiro.

Fonte: G1

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