Criado em agosto como uma das principais apostas do
Governo do Rio Grande do Norte na área da Segurança Pública, o projeto
Comunidade em Paz ainda não faz parte do cotidiano dos moradores do bairro de
Nossa Senhora da Apresentação. Lá, três postos policiais passaram a ser bases
do projeto e passam 24h dias abertos, com policiais militares e policiais civis
prontos para atender ocorrências.
A proposta é semelhante ao Ronda Cidadã, posta em
prática em vários estados brasileiros, como o Ceará. A idéia é promover uma
interação entre população e polícia, de maneira que ambos desenvolvam uma
confiança mútua e, dessa maneira, as comunidades se tornem mais tranquilas.
Ao longo desses dois meses, de acordo com
estatísticas da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social, os
registros de ocorrências policiais tiveram redução de 6% em Nossa Senhora da
Apresentação, bairro que nos últimos anos vem liderando o ranking de violência
em Natal, principalmente, devido aos altos índices de homicídios.
Agora, o Governo do Estado espera partir da redução
de ocorrências consideradas menos graves, como furtos e roubos, para poder
conseguir diminuir os homicídios. Atualmente, o Comunidade em Paz conta com 90
policiais, entre militares e civis, e três viaturas específicas para o projeto.
Cada um dos veículos fica disponível para as três
bases do projeto, montadas nas comunidades do Parque dos Coqueiros, Planície
das Mangueiras e Jardim Progresso, todas dentro do bairro de Nossa Senhora da
Apresentação. Por dia, dois policiais militares dão plantão nas bases, todos
equipados com coletes e armas. As unidades passam 24 horas abertas e seis horas
do dia contam com a presença de um policial civil.
Para distribuir o horário ao longo do dia, a
Secretaria de Segurança estabeleceu que um agente fica na base do Parque dos
Coqueiros das 8h às 14h, no Jardim Progresso das 10h às 16h, e na Planície das
Mangueiras das 12h às 18h. Além da presença dos policiais, os postos são
equipados com dois computadores, sendo um notebook, e rádio de comunicação.
Boletins de Ocorrência
Todo o processo de funcionamento do Comunidade em
Paz ainda está em fase de adaptação. Apesar de a Polícia Militar trabalhar com
a Polícia Comunitária desde o ano passado, esse novo projeto tem
peculiaridades, uma delas é a confecção de boletins de ocorrência dentro da
própria base policial.
É o que explica o agente da Polícia Civil Gilberto
de Souza Gomes, que desde o mês passado está trabalhando no posto policial do
Parque dos Coqueiros. “Fazemos aqui qualquer tipo de Boletim de Ocorrência,
menos roubo de carro, que tem que ser feito na Delegacia Especializada em
Defesa e Propriedade de Veículos, a Deprov. No mais, furtos e roubo a
pedestres, arrombamentos de residências ou estabelecimentos comerciais, perdas
de documentos, entre outros, podem ser feitos aqui”, comenta.
Apesar dessa nova realidade, o policial lembra que
poucas pessoas procuraram o posto policial para fazer registro. “Estou há um
mês e meio e, até hoje, só fiz cinco B.Os, sendo dois de perda de documentos,
dois furtos e um roubo. É um número pequeno, mas deve crescer nos próximos
meses com a divulgação”.
De acordo com Gilberto de Souza, a polícia fez até
um trabalho de panfletagem explicando melhor o Comunidade em Paz, mas ele
ressalta que o processo de adaptação é relativamente lento. O mesmo foi dito
por policiais militares da base do Jardim Progresso.
Lá, o movimento tem sido mais intenso, mas ainda
tímido. O soldado Ronildo Bezerril de Alcântara disse à reportagem que as
brigas domésticas e de vizinhos têm dominado as estatísticas de ocorrência.
“Acontece muita briga por terreno, mas, principalmente, agressão entre
familiares, como marido e mulher, que no caso é aplicado a Lei Maria da Penha”,
conta o PM.
Outro ponto de destaque citado por ele é que alguns
moradores estão aproveitando a presença mais ativa da Polícia Militar no bairro
para solicitar ajuda em outras ocorrências. “Como eles sabem que a PM é pau pra
toda obra, a gente tem recebido muito chamado para prestar auxilio social, como
fazer o socorro a vítima de acidente doméstico, por exemplo, caso a SAMU tenha
outras prioridades e não atenda”, ressalta o soldado Ronildo.
Fonte: Portal BO
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