A partir deste domingo, 23, o placar da Copa 2014,
instalado na entrada de Natal, marcará 963 dias para o início do mundial. E
Natal, como uma das 12 cidades-sedes tem enormes desafios, não apenas para a
construção do estádio Arena das Dunas e das obras de mobilidade urbana. A Fifa
destaca como estratégicas as áreas de Segurança e Saúde, para as quais impõe
padrões de excelência. Mas chegar a este patamar, no caso do Rio Grande do
Norte, exige, por baixo, investimentos da ordem de R$ 355,1 milhões.
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Só em Segurança, devem ser investidos, no mínimo, 237
milhões reais
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Essa cifra tem por base os planos projetados, ainda de forma preliminar, pelos diversos órgãos que integram as pastas de Segurança Pública e Saúde no Estado. No caso da segurança, os órgãos estimam a necessidade de os governos federal, estadual e municipal disponibilizarem perto de R$ 237,1 milhões. Na saúde, seriam mais de R$ 118 milhões, sem considerar a reestruturação da atenção básica, de responsabilidade do município de Natal.
Noção do custo mínimo das exigências da Fifa já se
tem. Agora, o Governo do Estado e a Prefeitura de Natal buscam alternativas,
nas duas áreas - Segurança e Saúde - para captar os recursos necessários para
tirar os projetos do papel e construir um legado pós-Copa. No caso da
Segurança, os órgãos que integram a área já apresentaram, na semana passada, à
recém-criada Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos
(Sesge), do Ministério da Justiça, os planos iniciais para as ações de ordem
preventiva e ostensiva.
Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE o secretário de
Segurança Pública e Defesa Social, Aldair Rocha, confirmou que a área da segurança
tem caráter eliminatório. A cidade-sede que não avançar na implantação de
políticas integradas de segurança, dentro dos padrões exigidos pela Fifa, corre
o risco de ser descartada. Essa posição ficou bem clara para todos os
integrantes da cúpula da Segurança Pública e Defesa Civil, do poder público
estadual e municipal, durante a visita técnica do coordenador geral de
Operações da Sesge, Álvaro Rogério Duboc Fajardo.
Ele esteve em Natal, por dois dias (20 e 21/10),
para conhecer o planejamento das ações para o período do mundial e apresentar
as diretrizes da matriz de responsabilidades de cada área. Um dia depois de
participar da reunião, o titular da Sesed afirmou que, em 20 dias, entrega
relatório minucioso à governadora Rosalba Ciarlini e ao secretário da
Secretaria Extraordinária da Copa [Secopa], Demétrio Torres.
Esse documento vai conter não apenas os itens
obrigatórios da Fifa, mas as prioridades que foram elencadas para a área, como
a reestruturação do Instituto Técnico-Científico de Polícia [Itep]. Entre os
itens obrigatórios da Fifa estão a construção de um Centro de Comando de
Controle, que reúne todos os representantes das forças de Segurança e tem um
Gabinete de Crise, e de uma Base Integrada de Segurança, para atendimento à
população e visitantes, próximo à Arena das Dunas.
Segundo Aldair Rocha, para esse dois itens - e para
a reestruturação do Itep [Instituto Técnico e Científico de Polícia] - já
existem projetos esboçados, que serão apresentados à governadora, junto ao
relatório da visita técnica da Sesge. Os investimentos necessaáros são da ordem
de R$ 40 milhões, somente para a estruturaa física. "Nossa ideia não é
pensar estruturas provisórias, mas definitivas que possam render um legado à
cidade. No Itep, por exemplo, o que estamos fazendo hoje são reformas
paliativas, o que é muito pouco diante do que precisa ser feito".
A partir de 2012, a expectativa é de que as
capacitações em todas as policiais e no Corpo de Bombeiros se intensifiquem. A
Polícia Federal, por exemplo, anunciou a abertura de um curso focado na
Segurança de Dignitários, com 80 vagas, algumas destinadas às polícias Militar
e Civil, e à Guarda Municipal. Na Copa 2014, um das atribuições, principalmente
da PF e da PM, é a segurança de dignitários e convidados.
No âmbito da PM, a previsão para 2012 é de iniciar
30 cursos, bancados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública para, pelo
menos, 3 mil homens [efetivo que seria disponibilizado para a Segurança durante
o Mundial de Futebol]. Atualmente, dois oficiais já estão fazendo cursos de
capacitação em ações antibomba e cerca de 40 policiais militares do BP Choque
farão curso de Controle de Distúrbio Civil. A PM também já acertou um curso de
Policiamento de Grandes Eventos.
Entre os países escolhidos para sediar a Copa, o
Brasil é o segundo mais violento - só fica atrás da África do Sul -, segundo
critérios de homicídios medidos pela ONU. E, hoje, o país tem um número
insuficiente de policiais para garantir a segurança nas 12 cidades-sede. Das
cidades selecionadas, só uma - Natal - tem índice de assassinatos abaixo da
média nacional. Todas as outras têm números superiores. A média brasileira de
homicídios é de 23,7 pessoas por 100 mil habitantes. Pelos critérios da ONU,
índices acima de 10 por 100 mil pessoas já caracterizam epidemia de violência.
TN ONLINE
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